PRIMEIROS RUÍDOS
Eu, ainda em casa, não conseguia imaginar a explosão de delicadezas que iria receber nessa viagem. Pensei que seria como as outras vezes que fui até lá, visitar pessoas que amo. Dessa vez, a natureza combinou com a vida de me fazerem surpresa.
Ia conversando com uma amiga por mensagens, falando da ansiedade de tão somente encontrar pessoas queridas e da saudade que sentia de ir lá. Em todos os passos essa amiga me acompanhou.
Dormi um pouco na viagem, pois na noite anterior não havia dormido, talvez por ansiedade, talvez por insônia. A viagem foi tranquila e rápida.
Chegando em Amontada, já conseguia sentir o clima interiorano batendo no meu peito e dizendo: Que satisfação ter você aqui de novo. Isso me alegrou. Peguei um moto táxi e segui, rumo à Missí, localidade da cidade de Miraíma.
A moto ia devagar, por causa dos buracos da estrada, e eu podia sentir, de longe, o cheiro de terra molhada e ar fresco batendo no meu rosto como se me cumprimentasse e me dissessem que eu demorei a voltar lá. Saímos da estrada e entramos cancela a dentro.
Por toda parte eu via e sentia o sertão falar comigo. A babugem já começava a cobrir o chão e os animais já suspiravam aliviado por finalmente o inverno chegar depois de sete anos de seca. E todos falavam numa boca só que "para o ano" o inverno seria grande.
Desci da moto e recebi abraços, aqueles abraços que a gente torce para não acabar. Senti que estava onde deveria estar. O tempo estava frio e era quase noite, estava cansado da viagem mas com um sorriso de satisfação no rosto. A casinha alpendrada sugeria conversas e lembranças. E tudo aquilo me encantava como se fosse a primeira vez que eu estava ali.
Logo jantamos, conversamos mais e o frio da noite nos brindou com uma madrugada sossegada e silenciosa. Esses foram os primeiros ruídos da minha andança pelas terras daquele povo.
Continua...
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