sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

PELA MANHÃ, OS PASSARINHOS


PELA MANHÃ, OS PASSARINHOS




Pela manhã, os passarinhos cantavam celebrando a liberdade, e os raios do sol, passavam pelas frechas do telhado e me banhava o rosto. Já ouvia alguém na cozinha a conversar baixinho temendo acordar o visitante. O cheiro de café moído na hora tomava toda a casa que, ainda de janelas e portas fechadas, se tornara um enorme balaio de lembranças e sorrisos.

Levantei, e fui em direção a cozinha, aonde já me aguardavam para tomar aquele legítimo café, que era o único que eles conheciam e, no momento, eu também.

Com a xícara na mão, olhei pela porta dupla que haviam acabado de abrir (a parte de cima) e o céu era o mais bonito. As nuvens que eu conhecia, não formavam tantos desenhos como aqui formam, e os passarinhos, aqueles passarinhos, com toda certeza, nunca souberam o que é uma gaiola. 

Registrei em fotos, os primeiros movimentos rupestres que eu levaria pra casa, como os primeiros ruídos que ouvira outrora. E mostrei-os com tamanha admiração e brilho nos olhos que eles, acostumados a viver em meio a tanta beleza, com a maior naturalidade me perguntaram que graça eu via em tantas coisas que era comum pra eles. 




Aquele ambiente era, sem sombra de dúvidas, gasolina para os meus devaneios poéticos-literários. Para eles, apenas gravetos expostos ao sol em meio ao terreiro, para mim, um mundo novo.

O olhar do poeta, fincado naquela forma bruta de vida, se espalhava pelo horizonte e mostrava à minha alma a beleza de cada pedra, cada galho seco, cada animal que corria livremente mundo a fora e depois voltava por extinto talvez ou simplesmente por que sabiam que tudo aquilo era deles e não tinham donos, apenas companheiros que dividiam aquele taco de chão.

O sol, que dominava tudo naquele recanto, de repente perdeu sua força e, forçado a se esconder, desapareceu em meio a densa nuvem que vinha trazida por um forte vento que varreu o descampado em frente a casa. A nuvem escura, rapidamente tomou conta do mundo deles, e a chuva veio.

A chuva lavou o chão seco e encharcou minha alma de poesia.



Continua...

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