domingo, 30 de julho de 2017

LANÇAMENTOS DE RAFAEL BRITO NA II FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO

LANÇAMENTOS DE RAFAEL BRITO NA
II FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO

DVD - RAFAEL BRITO E A RABECARIA, AO VIVO NA BIENAL DO CEARÁ - 2017

Em todos os eventos, temos sempre algo novo para apresentar para o nosso público: folhetos, livros, cds, dvds, entre outros materiais que produzimos durante os momentos de nossa vida. Sempre esperamos ansiosamente pelo evento para mostrar nossas novas produções, e os lançamentos desses produtos, são sempre regados a aplausos e mais aplausos.
Além dos folhetos "O Testamento de Zé Morredor", "O Fabuloso Mundo dos Leprechauns", "A Princesinha Ruiva", "Todo Mundo Tem um Lunga Que Merece", entre outros, tenho a maior de toda as novidades: O DVD Rafael Brito e a Rabecaria, Ao Vivo na Bienal do Ceará!
Neste DVD, eu e o grupo (Murilo Alves, Israel Alcântara, Abner Silva e Diones Mendes), apresentamos desde côcos, chulas, forró de rabeca e muita, mas muita poesia. Também homenageamos os ícones da cultura popular que quase sempre estão presentes nos eventos como o Mestre Bule Bule e o Mestre Chico Pedrosa.
São 43 minutos de muita festa, e o público vai ao delírio. Rabeca, triângulo, zabumba, pandeiro e violão se unem, levando uma música ancestral e de grande qualidade.
As danças também são bem vindas no show, o Mestre Bonequeiro Valdeck de Garanhuns sobe ao palco e dança "trupé" comigo, fazendo uma belíssima participação e enriquecendo o conteúdo rabecal.
As pré-vendas já foram iniciadas e o lançamento ocorrerá na II FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO que acontece de 17 a 20 de Agosto na Caixa Cultural, em Fortaleza, ao lado do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Compras antecipadas pelo Whatsapp: (85) 98924 1735

Adquira já o seu, pois as cópias são limitadas!

II FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO

A CAIXA CULTURAL APRESENTA
II FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO




DE DEZESSETE A VINTE
DE AGOSTO, QUE BELEZA,
LÁ NA CAIXA CULTURAL
UM EVENTO DE GRANDEZA
REÚNE GRANDES POETAS
COM SUAS MENTES REPLETAS
DE CULTURA, COM CERTEZA.

SÃO QUATRO DIAS DE FEIRA
PARA QUEM QUISER CHEGAR
VOCÊS ENCONTRAM OS POETAS
DA CULTURA POPULAR
COM FOLHETOS E CDS,
LIVROS, XILO E DVDS
PARA COMPRAR E LEVAR.

PARA FECHAR O CONVITE
PRA QUEM QUISER VISITAR
VOU ENSINAR O CAMINHO
NÃO TEM NEM COMO ERRAR:
NA CIDADE QUE ENCANTA
NA RUA PESSOA ANTA
VIZINHO AO DRAGÃO DO MAR.
 
(Rafael Brito)


          Entre os dias 17 e 20 de Agosto, acontecerá em Fortaleza a II FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO, um evento da Caixa Cultural, Aestrofe (Associação dos Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará) e ENCENA Produções, coordenado pelo Poeta Cordelista Klévisson Viana.
        Estarão sendo homenageados poetas, músicos e escritores pelos seus aniversários e também pelos seus anos de encantamento, como o Mestre Bule Bule da Bahia pelos seus 70 anos de vida e o famoso e brilhante cantador Cego Aderaldo pelos seus 50 anos de encantamento.
         Poetas de grande nome da nossa cultura estarão presentes no evento como o Mestre Chico Pedrosa, Geraldo Amâncio, Rouxinol do Rinaré, Evaristo Geraldo, Paiva Neves, Marco Haurélio, entre outros.
           É sempre uma honra muito grande participar de eventos em que os maiores poetas da cultura popular brasileira estão presentes. O mais importante nesses eventos, são os encontros e reencontros e a troca de experiências segundo a opinião de alguns dos poetas presentes, inclusive a minha.
        No ano passado foi comemorado os 80 anos do Mestre Chico Pedrosa, cerca de 60 poetas estavam presentes no evento, e um público seleto e fervoroso acompanhou durante seis dias o magnífico evento.

HOMENAGEM AO MESTRE CHICO PEDROSA PELOS SEUS 80 ANOS DE VIDA

             Este ano, serão diversos artista homenageados. Além das homenagens, parabenizações e shows dos artistas presentes, o público também terá acesso ao material dos mesmos, comprando direto das mãos dos autores das obras.
          Cordéis, xilogravuras, livros, cds, dvds, camisas e bolsas personalizadas, são alguns dos materiais expostos pelos artistas. Além de um intercâmbio cultural, o evento promove shows de música e declamações diárias durante os dias de evento, e o melhor, tudo gratuitamente para que o público possa apreciar a cultura. 
          Klévisson Viana, poeta, cordelista, ilustrador, gravurista, editor proprietário da Tupynanquim Editora e Diretor da Aestrofe está a frente desse grande evento de muita força cultural, trazendo à Fortaleza, artistas de mais de 10 estados do Brasil, divulgando e valorizando a nossa cultura e a nossa cidade.

QUANDO? ONDE? QUE HORAS?

           O evento ocorre de 17 a 20 de Agosto na Caixa Cultural de Fortaleza no horário de quinta a sábado de 14h às 20h e no domingo das 14h às 19h, na RUA PESSOA ANTA, 287, Praia de Iracema, ao lado do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Mais informações: (85) 34532770



      A II FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO É A NOSSA GENTE MOSTRANDO O QUE TEM DE MELHOR!

quinta-feira, 13 de julho de 2017

PAIVA NEVES, POETA SOCIAL E MILITANTE POÉTICO

FRANCISCO PAIVA DAS NEVES
O POETA MILITANTE

SOU UM POETA SOCIAL E MILITANTE POÉTICO. EDUCADOR POR FORMAÇÃO

     O que falar sobre o "admirável Paiva das Neves"? Sujeito simples e de alma forte, o homem do Cedro merece minhas mais sinceras homenagens.
        Aos 54 anos, o poeta militante está firmado nas letras e nas poesias. Ativo e muito criativo, Paiva vem desenvolvendo um belíssimo trabalho de edição e publicação de poetas veteranos e novos, com a Cordelaria Flor da Serra, sua editora.


          
       Pedagogo pela UFC (Universidade Federal do Ceará), tem 9 livros publicados por várias editoras do país e cerca de 35 folhetos de cordel publicados pela Tupynanquim Editora e pela Cordelaria Flor da Serra (sob sua direção).
    Militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro) desde 1983, Paiva tem uma história de lutas e conquistas. Esteve presente por quase 20 anos a frente da coordenação geral do Sindicato dos Sapateiros do Estado do Ceará, no qual construiu uma vida de luta contra a classe opressora da categoria. 
   Tem um sonho de trabalhar com crianças, desenvolvendo voluntariamente um projeto de educação infantil através da Literatura de Cordel.
    Casado a quase 20 anos com "Fatinha", com quem tem um filho chamado Pedro Emanuel, Paiva é um homem apaixonado, daqueles que diz um Eu te amo todos os dias. Conquistou sua amada em Itapipoca com o poema "Soneto de Fidelidade" de Vinícius de Moraes, e tinha o hábito majestoso de escrever cartas para a sua amada.

SEGUNDO A PRÓPRIA FATINHA, PAIVA É UM HOMEM MUITO FOCADO
EM TUDO O QUE FAZ E EXTREMAMENTE RESPEITOSO AO PRÓXIMO

    Tive a oportunidade de conhecer Paiva no Projeto "Cordel Com a Corda Toda", coordenado por Klévisson Viana no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Na época, além de estar presente no evento todos os meses, Paiva mantinha uma banca de cordel ao lado do Teatro do Dragão do Mar, hoje dirigida e administrada por Dulcimar, esposa de Klévisson.
    Tive o imenso prazer de estar com o poeta militante na rica ocasião da feira em homenagem aos 150 anos de Leandro Gomes de Barros, realizada em Pombal-PB e organizada por Ione Severo.

PAIVA NEVES, ANTÔNIO FRANCISCO, CHICO PEDROSA E EU

    Foi ali nosso primeiro contato realmente de sentar e conversar direito, apesar de lembrar de algum evento onde Paiva nos compartilhou alguns versos de um livro do Catulo da Paixão Cearense.
    Além de tudo isso, eu e Paiva temos uma história em comum que aconteceu antes mesmo de eu nascer: Na ocasião em que mandei meu texto do folheto "O Romance de Isaura e João Mimoso ou a Cobra encantada da Lagoa do Padre Andrade", para Paiva analisar e futuramente lançar pela Cordelaria, ele relatou que morou quando pequeno no Padre Andrade e que um acontecimento marcou muito a sua infância naquele bairro. aos 5 anos de idade Paiva morava no final da linha do Padre Andrade, e um dos motoristas que conduzia aquela linha, sem querer, atropelou uma criança que foi buscar uma bola em baixo do veículo. Paiva relatou isso, dizendo que haviam muitas pessoas para olhar o acontecido, e nesse momento, relatei a Paiva que o motorista era meu avô Souza Brito, que conduzia aquela linha, e que aquela história, sempre foi contada na minha casa pela minha avó e meus tios. 
      Paiva é um homem simples, homem forte, do interior. Sábio em suas decisões e aconselhador. Gosta de contar piadas. Tive a oportunidade de repartir um momento com ele e Stélio Torquato (Professor da UFC e Cordelista) no SESC. Foram três dias declamando ao lado dos dois, e nos momentos de descanso do almoço, trocamos piadas e anedotas. Conheci um Paiva brincalhão, gente fina e da melhor qualidade, e dividiria muitos outros momento assim com o poeta militante.
      A Cordelaria Flor da Serra, lançou meu primeiro folheto, e só tenho a agradecer ao Poeta Paiva Neves por essa oportunidade grandiosa. E que venham muitos e muitos folhetos de Rafael Brito pela Cordelaria Flor da Serra!



SUCESSO E SAÚDE AO POETA MILITANTE!

domingo, 9 de julho de 2017

DOM QUIXOTE DE LA CULTURA - PARTE II

MAIS PERIPÉCIAS DO POETA KLÉVISSON VIANA
VULGO "MANÉ PIPOCA"

OS ENSINAMENTOS DO POETA ME LEVARAM A DESCOBRIR MUITO HORIZONTES
        
         A "I Feira do Cordel Brasileiro" foi um evento emocionante e de grande porte. O Mestre Chico Pedrosa, (homenageado do evento pelos seus 80 anos de idade), merece todo o nosso carinho e admiração. Klévisson, maquinou todo o projeto em sua mente de artista.

NO MOMENTO DOS PARABÉNS AO MESTRE FRANCISCO PEDROSA GALVÃO, VULGO CHICO PEDROSA
        
        De cabeça criativa e sugesta arquitetônica, o poeta se divide em milhões para dar conta de tudo o que faz. Além de cordelista é também ilustrador, quadrinista, gravurista, empresário, pai, marido, coordenador de projetos, e principalmente, um grandioso artista de alma nobre e singela.
      O que dizer do amigo que ajuda nas horas mais difíceis mesmo estando "pê da vida" com você? Simplesmente, sem igual.
Faceiro e de riso inigualável, o poeta Klévisson Viana é simples e engraçado. Autor de vários folhetos e livros de grande sucesso, mantém sua originalidade em seus versos e traços.
        Durante o ano de 2016 acompanhei boa parte das semanas do poeta e tivemos muitas histórias a dividir.
NA FEIRA NO JARDIM DO THEATRO JOSÉ DE ALENCAR, OS POETAS POSAM PARA A FOTO
       No dia 5 de maio de 2016, o amigo poeta me deu um presente que iria mudar minha arte e meu estilo, mudar não, me fazer evoluir no que eu já andava fazendo: Uma Rabeca!
Amarela, sem cordas e sem detalhes, a Rabequinha doada por Klévisson me tornou outro artista. Estava dando início a um novo ciclo do meu novo trabalho com a arte: A Rabecaria!

O RABEQUEIRO ENTRA EM CENA
   

      Fruto de muitas pesquisas e amizades, o meu trabalho com a Rabeca começou a ser reconhecido. Conheci um novo estilo musical de uma festa popular chamada "Cavalo-Marinho", presente na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Foi ai que começou a verdadeira arte de tocar Rabeca na minha vida.
Depois de algum tempo, comecei de leve com a Rabeca no "Cordel Com a Corda Toda", tocando uma ou duas músicas. Klévisson elogiou e disse ao Mestre Chico Pedrosa que estava presente no dia do lançamento do meu primeiro CD, Rafael Brito, O Bordador de Histórias: Olha como o cabra é danado, eu dei essa Rabequinha a ele a pouco meses, e olha o que ele já está fazendo! O bicho é danado, Pedrosa!

SHOW DE LANÇAMENTO DO CD "RAFAEL BRITO, O BORDADOR DE HISTÓRIAS,
COM LUAN SORRANE E DIONES MENDES
      
      Depois daquele comentário, percebi que nascia naquele dia uma responsabilidade maior do que eu imaginava: Montar uma banda de música popular, que recriasse, sem perder as raízes, os forrós de rabeca!
       Alguns dias depois, pensando em como fazer essa banda e o que tocaria nela, uma ideia surgiu em minha mente, um projeto chamado "Rabecada", e puxando mais um pouco da inteligência que Deus me deu, fechei no título "Rabecaria".
      Klévisson, por saber que meus tios tocam comigo, chamou a banda de "Os Brito", fazendo graça como sempre, (e até hoje chama assim).
     Sabendo da organização da XII Bienal Internacional do Livro do Ceará, onde Klévisson foi o organizador da Praça do Cordel em meio ao evento, ofereci a banda para apresentar alguma coisa, um show novo chamado "Rafael Brito e a Rabecaria", de prontidão, veio o aval do poeta!
      Esperamos ansiosamente pelo evento. Não falávamos de outra coisa. E foi um evento e tanto.
     Primeira apresentação em um domingo às 10:30 da manhã, chegamos cedo, passamos o som, e mandamos brasa. Aprovação total do público e dos outros poetas que estavam presentes.

PRIMEIRA APRESENTAÇÃO OFICIAL DA BANDA DE MÚSICA POPULAR RAFAEL BRITO E A RABECARIA

        Foi um sucesso, logo Klévisson nos convidou para participar do lançamento do seu livro "Miolo da Rapadura", entrando com musicalidade naquele seu momento.
    Outro sujeito também gostou tanto que nos convidou para acompanhá-lo musicalmente durante seu show de bonecos de mamulengo: O Mestre Valdeck de Garanhuns.

MURILO ALVES, ABNER SILVA, GUILHERME NOBRE, VALDECK DE GARANHUNS, TAMYRIS LUNA,
RAFAEL BRITO, DIONES MENDES E ISRAEL BRITO

DURANTE O SHOW DE VALDECK DE GARANHUS E RAFAEL BRITO E A RABECARIA

     O poeta Klévisson Viana foi quem nos proporcionou todos esses momentos maravilhosos para que a gente pudesse mostrar nosso trabalho.

Continua...

O ROMANCE DE ISAURA E JOÃO MIMOSO OU A COBRA ENCANTADA DA LAGOA DO PADRE ANDRADE

O ROMANCE DE ISAURA E JOÃO MIMOSO 

OU A COBRA ENCANTADA DA LAGOA DO PADRE ANDRADE


        "O Romance de Isaura e João Mimoso ou a Cobra Encantada da Lagoa do Padre Andrade" é um dos primeiros folhetos de cordel do Maestro Rafael Brito. Rafael Brito é declamador, músico, ator, artista plástico e agora também revela sua face poeta, ao escrever, de uma canetada só, dez folhetos de cordel.. A Cordelaria Flor da Serra ao editar esse folheto, resgata uma das mais criativas e férteis tendência da poesia popular.
      O encantamento é uma das tradições que têm raízes profundas nas narrativas populares, e é, de certa forma uma herança direta da cultura árabe, presente nos contos das Mil e uma noites, como também em tantas outras tradições, como por exemplo, na literatura oral africana e indígena. Esse preâmbulo é tão somente para fundamentar a narrativa de Rafael Brito em A lagoa da cobra encantada do Padre Andrade, ou o romance de Isaura e João Mimoso dentro de um contexto que tem como foco narrativo a tradição milenar dos povos em contar histórias de seres humanos transformados em animais. 
        Donzelas que viram serpentes é um tema muito presente na tradição das lendas urbanas e para ilustrar esse argumento, cito que nos anos 80 era muito comum se ouvir nas rodas de conversas, argumentos inquestionáveis de populares sobre a existência de um túmulo acorrentado que existia no Cemitério São João Batista e que no qual habitava uma moça que virou cobra, como castigo por desobediência à mãe.. Nesse cordel, Rafael Brito, narrando uma história do seu tempo de menino, resgata essa tradição, colocando na capa uma ilustração de sua autoria.

Foi assim que o Mestre Paiva Neves, proprietário e editor da Cordelaria Flor da Serra, descreveu o meu folheto "O Romance de Isaura e João Mimoso ou a Cobra Encantada da Lagoa do Padre Andrade, e seguiu dizendo:

      Fortaleza, como qualquer outra cidade, vivencia as suas lendas. As lendas urbanas povoam e se perpetuam no imaginário popular. Quem nunca ouviu falar do "Carro Preto" que pegava os meninos para vender no estrangeiro, do "Corta Bunda" do José Walter, da "Perna Cabeluda" e para os mais antigos "O Papa Figo", "A Loura do banheiro" ou "O monstro da Água verde da Guaiúba" ou ainda o famoso "Cão da Itaóca". Rafael Brito vai beber em uma dessas lendas, uma linda história de amor do então bucólico bairro de Padre Andrade. Isaura, a moça que virou cobra e João Mimoso, o viajante que se encanta pelo melodioso canto da serpente donzela. "O Romance de Isaura e João Mimoso ou a Cobra Encantada da Lagoa do Padre Andrade", é o primeiro cordel desse jovem poeta a ser editado. Rafael Brito é aquilo que podemos chamar de artista de muitas faces. Ele é declamador, e dos melhores, ator, músico,artista plástico e começa a se insinuar pelo mundo do cinema. É com imenso prazer que a Cordelaria Flor da Serra publica essa obra de Rafael Brito.

       Meu primeiro folheto editado, esteve em boas mãos, e teve a honra de ser lançado na XII Bienal Internacional do Livro do Ceará. Causou muita admiração aos moradores do meu bairro, por segundo alguns dos moradores das redondezas da lagoa citada na história, jamais imaginaram que poderia virar uma história escrita, principalmente, um cordel!
       Essa é uma maneira de manter vivas as histórias do nosso povo, e a memória dos mais velhos.
Vivo no Jardim Iracema, bairro ao lado do Padre Andrade, em Fortaleza, e venho, com esse folheto, mostrar que na comunidade, no subúrbio, tem muito mais do que histórias de violência, fome e tráfico. Nosso povo é um povo rico, e temos que valorizar essa riqueza.
         A nossa Fortaleza é floreada de histórias e de cultura, só precisamos ver isso com os olhos certos.
Essa é a primeira história do meu bairro que conto em cordel e não será a última, quero mostrar ao mundo o que tem de melhor nas periferias de Fortaleza.
       Quem me deu grande ajuda nessa empreitada foi Ivânia Maia e o Projeto Criança Feliz, que se localiza na rua que divide Jardim Iracema e Padre Andrade. Divide geograficamente, por que os dois bairros estão mais unidos do que nunca. 
      Fruto de muitas pesquisas sobre a história da famosa cobra Isaura, esse folheto fortifica as histórias do nosso povo, e a veia cultural e protetora do Projeto e de Ivânia.

        Segue aqui, o texto, na íntegra, do folheto "O Romance de Isaura e João Mimoso ou a Cobra Encantada da Lagoa do Padre Andrade":

As histórias de trancoso
Contadas no meu sertão
Nem se comparam ao roteiro
Dessa minha descrição
Pois a história que narro
Não é fruto de invenção.


Quem ouviu contar história
De monstros assustadores
Vai gostar da narrativa
Que contarei aos leitores
De uma cobra encantada
Que causou muitos horrores.

Foi a muito tempo atrás
Em uma localidade
Chamada de Padre Andrade
No subúrbio da cidade
Que essa história passou
Foi pura realidade.


Existe ali uma lagoa
Que tem um nome estranho
É “Lagoa do Urubu”
Eu mesmo já tomei banho
Naquela que guarda o mistério
De uma cobra sem tamanho.


Disseram que uma vez
Um trator da prefeitura
Foi limpar a tal lagoa
Para a geração futura
Tomar banho de lagoa
Mantendo a nossa cultura.

Quando de repente a cobra
Enrolou-se no trator
E foi puxando pra dentro
Junto com seu condutor
Para dentro da lagoa
Pra sentir o seu sabor.

Mas eu não quero fugir
Do meu roteiro final
Nem contar terríveis coisas
Desse enorme animal
Quero falar do encanto
Desse bicho sem igual.



Foi Isaura uma moça
Das mais belas da cidade
Comparando o seu olhar
Com a lua em claridade
Mais bela que um bem-te-vi
De tanta formosidade.

As moças tinham inveja
Daquela beleza infinda
Pois entre as moças do bairro
Foi de todas a mais linda
Todos queriam sua presença
Chegando era bem vinda.

Mas o tiro da inveja
Um dia lhe acertou

Pois uma moça do bairro
Um feitiço lhe lançou
E fez tão bem feito o encanto
Que uma cobra se tornou.

Disse em poucas palavras
Que o encanto quebraria
Se um rapaz sincero e forte
Cheio de viço e alegria
Se apaixonasse por ela
E somente assim seria.



Isaura, desesperada
Sendo encantada chorou
E vendo que da beleza
Sincera nada sobrou
Rastejou mais que de pressa
E na lagoa entrou.

Daquele dia em diante
Ninguém mais viu a beleza
Daquela moça tão linda
Nascida da natureza
Cheia de vida e repleta
De garra e de destreza.

A inveja mata o ser
Que deixa esse sentimento
Se instalar no seu peito
Cheio de ressentimento
Só causa contrariedade
Solidão e sofrimento.

Então Isaura encantada
Bem no fundo da lagoa
Começou a entoar
Uma cantiga tão boa
Tão tristonha e solitária

Parando qualquer pessoa.


Até que um viajante
Que vinha de bem distante
Ouvindo ali a história
Daquela cobra gigante
Ficou muito curioso
A partir daquele instante.

Disse que queria ver
E ouvir aquele canto
Que a cobra entoava
No seu mais puro encanto
Do profundo da lagoa
Mostrando seu grande pranto.

Ainda desconfiado
Da história da encantada
Sentou-se em uma pedra
Numa arena iluminada
Onde jogam futebol
Bem pertinho da beirada.

Ficou ali pela noite
Pensando com seus botões
Que as histórias do povo
Não passavam de ilusões
E que aquela era mais uma
Das quebradas dos sertões.



Lá pelas tantas da noite
Cansado de esperar
Adormeceu sobre a pedra
Ali naquele lugar
Quando de repente o canto

Começou a escutar.

Acordou bem assustado
Olhou a hora ligeiro
Deu um “pinote” pra trás
Escorregou no lameiro
Quis correr, porém não pôde
Aquele pobre estrangeiro.

Quando olhou para o lado
Da pedra onde dormiu
Viu a enorme serpente
Que entre as pedras sumiu
De repente em suas pernas
A grande cobra sentiu.

Enrolou-se em seu corpo
O corpo da grande cobra
E naquele desespero
O medo tinha de sobra
E dobrou-se na areia
Paralisado na dobra.



Quanto mais o viajante
Tentava se contorcer
Mais a cobra se enrolava
Aumentando o padecer
Do viajante medroso
Que só queria lhe ver.

Quando o jovem viajante
Sem forças se entregou
Ouviu uma voz suave
Que com calma lhe falou:
- Não grite jovem rapaz!
E logo o jovem calou.

Aquela voz tão serena
Que se ouviu na agonia
Era a bela voz de Isaura
Coberta de alegria
Porque o jovem parou
Pra ouvir o que diria.

O jovem clamou dizendo:
- Não me devore por favor!
Isaura disse: - Se acalme,
Não vou devorar o senhor
Só quero que me ofereça
Um pouquinho de amor.



O homem ouvindo aquilo
Começou a se acalmar
E disse: - Então é verdade
O que vieram me contar?
Que você foi encantada
Por quem lhe quis invejar?

Isaura naquela hora
Contando ao homem chorou
O homem ouvindo atento
Logo se prontificou
Em ajudar a encantada
E prender quem lhe encantou.

Isaura lhe perguntou
De um jeito maravilhoso:
- Me diga então seu nome
Homem forte e corajoso
Ele disse: - Você pode
Me chamar “João Mimoso”.

Naquele momento um brilho
Acendeu a escuridão
O homem na mesma hora
Movido de compaixão

Se apaixonou por Isaura
E pela sua canção.



E se olharam nos olhos
Com uma admiração
Que nem inveja, nem ódio
Faria a destruição
Daquele simples amor
Que nasceu da compaixão.

Quando um beijo encantado
Naquela noite rolou
E o brilho das estrelas
Sobre a lagoa brilhou
João Mimoso sentiu
Que Isaura lhe encantou.

Ao invés da cobra Isaura
De novo se tornar gente
Aconteceu uma coisa
Totalmente diferente
O homem quem virou cobra
Muito mais que de repente.

Isaura disse: - Não pode!
Isso tudo está errado!
João Mimoso disse:
- Espere, isso tudo foi pensado
Eu desejei tudo isso
Pedi pra ser encantado!



Isaura tão triste disse:
- Mas porque você fez isso?
João Mimoso lhe olhando

Mostrando seu compromisso
Disse: - Eu posso lhe explicar
Porque eu quis pensar nisso!

João olhando em seus olhos
Disse assim: - Me apaixonei
Por Isaura da Lagoa
A cobra que encontrei
E não a pessoa Isaura
Por isso me encantei.

Isaura ali entendeu
Que aquele amor valia
E deu um grande sorriso
E encheu-se de alegria
E entraram na lagoa
Quando o dia já surgia.

De manhã ninguém mais viu
Nem rastro do forasteiro
Só encontraram um sapato
A camisa e um isqueiro
Perto da pedra encantada
que dormiu o estrangeiro.



Nunca mais se ouviu o canto
Daquela cobra encantada
Por que encontrou amor
Onde jamais esperava
Vindo de um viajante
Que lhe esperou na beirada.

Isaura viu que seu canto
Era pura solidão
E pra curar esse mal
Abriu o seu coração
E a inveja foi vencida
Por uma linda paixão.


E sobre a moça maldosa
Que lançou a maldição
Desapareceu dali
Sem dar nem satisfação
E dizem que jamais ela
Teve na vida uma paixão.

Hoje em dia quando passo
Em frente aquela lagoa
Que lembro dessa história
De uma forma tão boa
Eu tenho vontade de ver
As cobras nadando a toa.

Mas tenho medo de ir
Até a pedra encantada
E passar a noite esperando
Sentado ali na beirada
Ouvir o canto de Isaura
Sentindo-se bem amada.

Essa história da Isaura
Eu garanto, foi verdade!
Se passou lá na lagoa
No meio do Padre Andrade
E é uma linda história
Da nossa bela cidade.

Ficam aqui os meus registros
Do romance encantado
Provando que a inveja
Não tem um lugar guardado
Quando o amor acontece
Sem ser por nós esperado.

FIM 
 

sábado, 8 de julho de 2017

A ALMA DE ARTISTA DA PESQUISADORA GISA

OS LAÇOS BONITOS DE AMIZADE ENTRE POETA E PESQUISADORA
GISA CARVALHO E SEU OLHAR ATRAVÉS DA ALMA

É pra ser entrevista, mas tem tanto riso e tanto afeto que se transforma em conversa entre amigos (falta dizer isso na metodologia). Palavras de Gisa Carvalho.
       
        Conheci Gisa por meio de redes sociais. Até então não sabia que era pesquisadora, e das melhores. Conversamos algumas vezes, ela andou "xeretando" algumas coisas minhas e me fez algumas perguntas. Daí por diante, não paramos mais de nos falar.
Uma certa noite, em Fortaleza, mais precisamente num domingo de "Cordel Com a Corda Toda", chovia, e nós decidimos fazer o projeto em um dos palcos fechados do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, (pois o palco onde acontece o projeto, Palco Rogaciano Leite, é um palco a céu aberto, o que impossibilitou a execução do projeto por lá). E foi até bom, o público, apesar de pouco, foi selecionado, parecia ter sido escolhido a dedo:


Eu, declamando no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
        
        Foi quando avistei Gisa, "escorada" na parede do lado oposto do palco, próximo a porta, mas por dúvidas, de que era ela mesmo, resolvi não falar. Mas olhei bastante, e ela olhou também. Mais tarde, pelas redes sociais, falei com ela para ter certeza de que era ela mesmo no evento, e me arrependi de não ter falado.
A partir daí, a amizade cresceu muito. Dividimos coisas, momentos, e nos ajudamos. 
     Quando passei por momentos difíceis, em relação ao que sentia e ao que pensava, a única pessoa que me ajudou foi Gisa, e foi uma ajuda e tanto. De madrugada, quando pensei em dar cabo de minha vida, era ela a única acordada naquele momento, ao meu alcance, e me salvou de mim mesmo.
       Depois desse episódio, a amizade se firmou como uma rocha, e como é agradável tudo que tem o dedo dela.
Estivemos juntos também na Bienal de São Paulo, onde se reuniram os maiores poetas populares do Brasil inteiro. A princípio, Gisa disse que não poderia ir, mas de última hora, quem vejo? Gisa! Fiquei muito feliz em vê-la por ali, e dessa vez, conversamos tanto que nem lembro, de tanto assunto.
    Foram muitos momentos engraçados em São Paulo. Implicâncias e sorrisos, e muitos, muitos abraços!



A pesquisadora, é mais amiga do que pesquisadora


     Como sempre, uma boa turma estava por lá, Rouxinol do Rinaré, Josy Maria, Stênio Diniz, João Pedro de Juazeiro, Valdério Costa, entre outros. Foi uma viagem em tanto. Em outra postagem, falarei exclusivamente dessa viagem.
    Concluindo o meu falar, só posso dizer uma coisa: Gisa Carvalho, antes de ser a maravilhosa e comovente pesquisadora, é uma pessoa sem tamanho, de coração verdadeiro e sorriso sincero, cativante e leal, doce e forte. 
     O sentimento que guardo comigo, além do carinho e admiração, é pura gratidão. 

"Em meu coração de poeta, estarás sempre guardada".

(E agora deu pra compartilhar as coisas do meu blog)...

sexta-feira, 7 de julho de 2017

DOM QUIXOTE DE LA CULTURA - PARTE I

O POETA KLÉVISSON VIANA E SUAS PERIPÉCIAS
CONHECIDO POR MIM COMO "MANÉ PIPOCA".

DOM QUIXOTE DELA CULTURA E SEM PANCITA, SEU FIEL ESCUDEIRO
AO ESTANDARTE DO MESTRE LEANDRO EM POMBAL - PARAÍBA
      
    Sobre o poeta Klévisson Viana eu tenho muito o que falar. Estivemos juntos em muitos eventos e algumas viagens. Chamamos um ao outro de “Mané Pipoca” fazendo menção a um poema de Amazan, que fala de um sujeito muito sábio, que conhecia todo mundo.
Nos conhecemos exatamente no dia 21 de junho de 2015 na ocasião em que Paulo de Tarso, o Poeta de Tauá, sugeriu meu show em um projeto coordenado por Klévisson no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o projeto “Cordel Com a Corda Toda”.
O nome do show era “Os Bordadores de Histórias” que eu fazia com um amigo violonista chamado “Matheus Silva” que por motivos de força maior, me informou que não poderia fazer o show comigo, poucos dias antes da data marcada. Comuniquei a Klévisson e ele disse que eu poderia fazer sozinho o show (sendo que até o presente momento, Klévisson confiou apenas na palavra de “Paulim”, pois ainda não me conhecia pessoalmente, só de boca).
Foi um show e tanto! Simples e bonito! Klévisson me parabenizou e desde esse dia, nos tornamos amigos, e eu me tornei grande admirador de seu trabalho e um grande fã do artista e da pessoa. Também compareceu ao show o humorista Bené Barbosa, vulgo “Papudim”, que já era meu amigo de algum tempo, e esse show, me abriria as portas para o projeto “Terça de Graça” coordenado por Bené.

BENÉ BARBOSA, KLÉVISSON VIANA, E EU (AO FUNDO DOS DOIS)
       
    Depois disso foi uma feira atrás da outra, até que criei meu personagem principal que levava o nome do show “O Bordador de Histórias” que descrevi da seguinte forma:

       “O bordador de histórias é aquele sujeito que pega as histórias do outros, borda, enfeita e conta a maneira dele”.


   No final desse mesmo ano, (2015), fomos a feira em Homenagem aos 150 anos de Leandro Gomes de Barros (o pai do cordel), em sua cidade natal: Pombal - PB, foi nossa primeira viagem juntos. Passei cerca de 5 dias no evento que foi organizado pela professora e pesquisadora Ione Severo. Reuniram-se ali, uma turma de peso, alguns dos maiores poetas populares do Brasil, e eu, com apenas 20 anos, no meio dessa nata!
PRIMEIRA SELEÇÃO BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL QUE ESTIVE PRESENTE


   Foi um grande passo, eu estando ali no meio dos poetas, conhecendo e fazendo amizades grandes que carrego em meu peito como uma taça de cristal, como é a amizade que fiz com o mestre Chico Pedrosa, tudo aquilo por indicação de Klévisson a Ione.
KLÉVISSON VIANA E EU NA FEIRA EM HOMENAGEM AOS 150 ANOS DE LEANDRO GOMES DE BARROS.

     
    Voltamos a Pombal um mês depois para ajudarmos Ione numa empreitada: Abrir a primeira “Cordelteca” da cidade de Pombal, na Academia de Letras, dessa vez, somente eu e Klévisson fomos ao encontro de Ione.
EU E KLÉVISSON VIANA NA ABERTURA DA PRIMEIRA CORDELTECA DE POMBAL

   
     Depois disso foram muitas feiras na Praça dos Leões, no CCBNB, e muitas edições do “Cordel Com a Corda Toda” que eu participei. E chegamos a um grande projeto: A “I Feira do Cordel Brasileiro”, em homenagem aos 80 anos do Mestre Chico Pedrosa, que aconteceu na Caixa Cultural de 5 a 10 de Abril de 2016.

Continua...

quarta-feira, 5 de julho de 2017

O CASAMENTO DA RAPOSA

        Das histórias que meu avô me contou, uma em especial, ficou em minha memória, depois de muito tempo, resolvi escrever em cordel, de um jeito fiel ao que ele contava. 
Ditados populares sempre estão presentes nas nossas vidas, principalmente na infância. "Sol com chuva, casamento da raposa", é um desses ditados. De todas as histórias, eu gostava dessa em especial, pois de acordo com o personagem que falava, meu avô fazia várias vozes, distinguindo os animais que falavam na história. As fábulas fazem parte da nossa cultura, os ditados, das nossas infâncias.

Segue a história completa do "Sol Com Chuva, Casamento da Raposa" narrada em cordel por mim:



Em nossa infância querida,
Ouvimos muitas histórias
Que ficam presentes sempre
Na caixinha das memórias.
Assim vão se eternizando
As fábulas mais notórias.

A nossa imaginação
É mui fértil, sonhadora.
Acredita em muita história
De Trancoso, assustadora,
E sobre animais que falam
Numa era encantadora.

Das tantas belas histórias
Que meu avô me contou,
Há uma que se destaca,
E sobre a qual me falou:
– Eu vou contar a história
Da raposa que casou!

Numa floresta morava
Uma raposa bem esperta
Que vivia recostada
Sobre uma janela aberta
Procurando namorado,
Ficando sempre de alerta.

A solitária raposa
Espalhou pela floresta
Um boato de que ela
Faria uma grande festa
Para escolher um parceiro,
Espantando a dor funesta. 

Logo os animais da mata 
Começaram a espalhar
Que a solitária raposa
Procurava se casar,
E que uma grande festa
Ela pretendia dar.

Um raposão educado 
De porte fino e falante
Dos planos da tal raposa
Veio a saber num instante
E achou uma grande ideia
Apesar de intrigante.

À raposa, pelo rato,
Um bilhete então mandou.
Na cartinha, um encontro
Com a raposa marcou.
No encontro, ele fez juras,
E logo o casal noivou.

Sendo assim, anunciaram
A data do casamento.
Fizeram uma festança,
Sendo um concorrido evento.
De muito longe se ouvia
O festejo barulhento.

A festa foi muito grande,
Todos foram convidados.
Todo tipo de animal
Veio de todos os lados.
A floresta se enchia,
Estavam muito animados.

Cada animal convidado
Trouxe na mão um presente.
E cada um demonstrava
Estar bastante contente
Com o noivado bonito
Da raposa e seu parente.

Apenas um animal
Não trouxe presente algum.
Inda atentamente olhou
O que trouxe cada um.
Depois disse: – Meu presente
Não se compara a nenhum!

Esse animal curioso
Era o leão imponente,
O rei de todos os bichos
Muito altivo e eloquente.
Sendo rei, quis dar à noiva
Magnífico presente.

Logo subiu numa pedra,
E, para os bichos olhando,
Falou com sua voz altiva:
– Um presente venerando.
Eu ofertarei à noiva.
Algo então vou perguntando.

Perguntou então a ela
Sem fazer muito cerol:
– Eu quero saber, responda
Antes que venha o arrebol:
Você quer seu casamento
Num dia de chuva ou de sol?

– Eu sou o rei da floresta,
O majestoso leão.
Mas uma grande humildade
Vim à comemoração
Quero que sejam felizes,
Tendo paz no coração.

“Mas digo: se quiser sol, 
Casando em dia bonito,
Virá um bando de pássaros
Com seus bicos de apito
Para atrapalhar a festa,
Pondo todo mundo aflito.”

“Se o dia for de chuva,
Não terá festa animada.
Mas quem casa em dia assim
Tem alegria dobrada,
Sendo os noivos bem felizes
Por toda a sua jornada.”

A raposa, pensativa,
Demorou a responder.
O leão, impaciente,
Tornou então a dizer:
– Se decida, minha cara, 
Para o presente obter.

Sendo ladina, a raposa,
Temia se arrepender
Ante a referida escolha
Que deveria fazer.
Duvidando do leão,
Começou a responder:

– Acredito que o leão
Esse poder não detém
De manobrar sol e chuva,
Um poder que só Deus tem.
Mas... se tiver? Quero sol,
Mas quero a chuva também.

– Se o leão poderoso
Tiver mesmo esse poder,
É este o meu pedido
Que ele há de atender:
Sol e chuva no casório
Para ninguém se esquecer.

Quando o leão ouviu isso,
Com ela ficou irado:
– Duvidas de mim, raposa?
Com isso estou transtornado!
Como rei, o meu poder,
Saiba que é ilimitado!

“Por isso, há de ter sol
E chuva em seu casamento!
Ele será, minha cara,
Inesquecível evento.
Minha palavra não volta
Esse é meu juramento.”

Para o espanto de todos,
Naquele formoso dia,
Reinou sol e reinou chuva,
Foi a maior gritaria.
Então a raposa esperta
Foi tomada de alegria.

Daquele dia em diante,
Pra ninguém mais se esquecer
Da promessa do leão
E do seu grande poder,
Quando raposa se casa
No calor, há de chover.

Quando ouço alguém dizer
Sol com chuva é casamento
Da raposa na floresta,
Me lembro do juramento
Que o rei leão fez a ela
Cheio de convencimento.

Os mais velhos nos ensinam
Tantas e boas lições,
Tantas histórias bonitas
Passadas por gerações...
São, portanto, da cultura,
Verdadeiros guardiões.

E foi assim que se deu
O casamento bonito
Da raposa e o raposo,
Como vovô tinha dito.
Casando raposa, assim,
O dia fica esquisito.

Sol e chuva, diz o dito,
É raposa se casando.
Os mais velhos é quem contam,
A gente vai repassando.
Assim, a lenda perdura,
E vai se perpetuando.

Caro leitor, registrei
O que meu avô contou
Sobre o dito tão antigo
Que nosso povo guardou.
Espero ter agradado
Com o que aqui se narrou.

Raposa, quando se casa, 
A chuva se une ao sol.
Falam alguns que é quando,
Ao altar, sobe espanhol.
Eu repito que é raposa,
Leitor fiel e de escol.


FIM

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