A SIMPLICIDADE DO POVO ME COMOVE
Sinto dentro da alma que tenho uma grandiosa responsabilidade com esse povo. Como poeta popular, escrevo e falo da vida deles como se fosse a minha própria. Sou embaixador desse povo, e me orgulho disso.
Todas as histórias, todos os ditados, todos os costumes, as diferenças, tudo isso se torna combustível para os meus versos e me sinto feliz em saber que eles, aprovam.
Ao contrário de Patativa quando dizia: "Sou um poeta do mato / vivo afastado dos meios / a minha rude lira canta / casos bonitos e feios / eu canto os meus sentimentos / e os sentimentos alheios", eu digo: "Sou um poeta moderno / nasci na grande cidade / os meus versinhos só falam / sobre a minha mocidade / pois não falo mais que isso / devido a minha idade".
O rosto queimado de sol e as mãos calejadas da labuta diária, são as marcas que o tempo lhes ofertou, fora aquilo, tudo é luxo. A dicção quase incompreensível mostrava a simplicidade, e os sorrisos em cada final de frase, me mostrava a grandeza do ser humano composta de amor e timidez.
Os olhares, de tão doces, chegam a arder em minha pele, e a hospitalidade me faz inveja. Eles vivem com o necessário mas o necessário é o que lhes basta. Não há vaidade em nada que sai deles.
Eu, sentado, olhando fixamente a boca do velho contando histórias, me lembrava de tudo o que faço em teatros, eventos e shows. Mas eu vejo que não sou metade daquele velho por que eu nunca vivi o que ele dizia.
Sinto-me demasiadamente feliz por saber que mesmo não tendo vivido metade do que eles falavam, eles aprovavam a minha representação e receberam com orgulho o meu trabalho, mas o que mais me comoveu depois de ter terminado de declamar uma poesia, um deles olhar pra mim e dizer: Esse é poeta mesmo!
Senti meu coração pular de alegria pelo reconhecimento daquele povo com um menino da cidade que declama coisas que ouve por ai. Me senti ali um legítimo representante da cultura popular nordestina.
Continua...
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