quarta-feira, 14 de março de 2018

VIDA LONGA AO MESTRE

VIVA A POESIA!

Hoje o Jornal Sertão Folhetim lança uma página especial em homenagem ao Mestre Chico Pedrosa pelos seus 83 anos, no dia da poesia! VIVA AO MESTRE!


segunda-feira, 12 de março de 2018

I FEIRA DA LITERATURA CEARENSE

UM MOMENTO DE GRANDES ENCONTROS


Estive no último sábado (10), no Centro Cultural Banco do Nordeste no Centro de Fortaleza, participando da I Feira da Literatura Cearense, evento promovido pela Casa da Prosa em parceria com o BNB. Meu recital estava previsto para 17h ao lado do grande poeta Klévisson Viana.

Cheguei bem cedo afim de aproveitar melhor os encontros poéticos literários que esses momentos promovem. Além dos poetas que estou acostumado a sempre encontrar nos eventos de literatura popular, encontrei também outros que não via a muito tempo e outros que passei a rever de pouco tempo para cá, um dessas impolutas figuras é o poeta Alan Mendonça, que havia encontrado a algumas semanas na V Jornada Literária de Limoeiro do Norte, onde tive a oportunidade de ganhar, das mãos do próprio Alan, dois Cds com composições suas executadas por vários artistas. 


Alan Mendonça é natural de Russas, Ceará, e é poeta, escritor, produtor cultural e editor/proprietário da Editora Radiadora, que lança poetas do nosso estado.

Aproveitei a oportunidade para perguntar a Alan, por que ele achava importante termos feiras literárias em nossa cidade e o que essas feiras traziam, como sempre, o poeta foi bem objetivo:

"Um evento desses gera encontros, encontros geram diálogos, e esses diálogos geram ideias, e aí se dá um respiro, né? na beleza que há; você sente esse respiro, essa esperança, na beleza que há na literatura nossa, e disso assim, dá vontade de fazer, de continuar nessa peleja que é tentar construir um lugar, uma cidade, um estado mais possível para a nossa arte, para as nossas tentativas de diálogos entre autores e leitores, e ai a comunicação, esse diálogo, essa possibilidade é o que mais impulsiona os artistas a criarem". afirma Alan.

 Sem sombra de dúvidas, o clímax desses eventos são os encontros e reencontros entre escritores, poetas entre si e o público.


Também tive a oportunidade de conversar outros grandes nomes da nossa literatura e produção cultural do nosso estado. Kelsen Bravos é um desses sujeitos de riso fácil e abraços cheio de admiração e palavras doces. Estive com Kelsen em vários eventos, mas me marca a sua presença em minha estreia no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em 2015, onde apresentei ao público, pela primeira vez, o personagem que me deu nome no meio literário popular: O Bordador de Histórias. Kelsen também falou da importância das feiras literárias na nossa cidade:

"A importância de uma feira como a I Feira da Literatura Cearense, para a nossa cidade e pra sociedade em geral... É que ela congrega em torno de uma manifestação cultural super importante, que é a literatura, crianças, adolescentes, pais, professores... Não é só a leitura, mas as cantorias, os saraus lítero-musicais, a oficinas, os encontros, os bate papos, numa convivência pacífica, as pessoas vem pra cá para se harmonizarem, é uma congregação, para se conhecerem em nome da paz... Eu passei três dias aqui respirando arte! Tudo aqui atrai e nos arrepia por que nos sensibiliza e nos inspira, por isso manifestações como essa, eventos como esse, são tão importantes e merecem ser multiplicados todas as semanas, todos os dias, na cidade, principalmente nas periferias, por que é lá onde as pessoas moram, é lá onde as pessoas estão, é isso", diz Kelsen.


Kelsen Bravos é professor, escritor, editor e produtor cultural residente em Fortaleza e sempre está presente como ouvinte, expositor e curador de eventos literários de grande importância para a nossa cidade.

Por último, pedi que Gilberto Rodrigues, que também já encontrei em vários eventos como Mestre de Cerimônias, falasse um pouco sobre o evento e sobre a importância do mesmo para o público Fortalezense: 

"A importância primordial de uma feira como essa é a possibilidade de contato com nossos escritores cearenses, com nossos cordelistas, repentistas. Nós tivemos aqui, além de escritores locais que residem ainda em Fortaleza ou no estado do Ceará, possibilidade também de trazer grandes escritores e fora do estado do Ceará mas que nasceram aqui no Ceará ou que tem uma relação muito próxima com o Ceará. Também possibilita esse intercâmbio de quem já conseguiu sair do estado do Ceará e de alguma forma venceu lá fora, e trazer também essa interação com os que estão aqui e querem um dia chegar a esse patamar de literatura, então, a grande importância da I Feira da Literatura Cearense é isso, esse intercâmbio", afirma Gilberto.


Gilberto é Mestre de Cerimônias e Apresentador da I Feira da Literatura Cearense e sempre está presente nos maiores eventos do nosso estado, colocando o seu nome em destaque entre o ramo cerimonial.

Contudo, a conclusão que temos é que a grande importância nesse eventos e em outros desse porte, são os encontros, reencontros e trocas de experiências entre escritores, poetas e público, que tem a oportunidade de estar perto de grandes nomes da literatura cearense e nacional. Os abraços e apertos de mãos, o contato físico entre seres humanos, a harmonia entre os seres. Eu me sinto extremamente feliz por estar em meio a tantas pessoas de luz e me sinto cada vez mais inspirado a registrar esses momentos que muitas vezes, são indescritíveis. 

Um abraço a todos,

Rafael Brito, O Bordador de Histórias.

Fortaleza, 12 de Março de 2018. 

1º EDIÇÃO DO JORNAL SERTÃO FOLHETIM






*Toda a edição e diagramação do jornal Sertão Folhetim é feita por Rafael Brito. Essa é uma edição semanal, que será publicada toda segunda-feira com matérias e poemas de vários autores de literatura popular.

quinta-feira, 8 de março de 2018

O PRIMEIRO LIVRO

APRESENTAÇÃO 

DO PRIMEIRO LIVRO DE RAFAEL BRITO

XILOGRAVURA DE STÊNIO DINIZ

Eu não tive a sorte e o prazer de nascer no sertão. Ouço dos meus amigos poetas, (os que contemplaram grandes coisas simples sertão a dentro), as fascinantes experiências de tempos de menino pelos lugares onde nasceram. Fico sempre maravilhado ouvindo, e imaginando, como um cinema em minha mente, tudo o que dizem. Queria eu poder contar também essas coisas fascinantes. Não tenho propriedade para isso, a não ser a que foi adquirida ouvindo cada um dos que ouvi. 
Porém, apesar de não ter nascido no sertão, fui escolhido, talvez por força do destino ou por nosso Pai Maior, para propagar essas histórias eternizadas na memória do nosso povo. O certo é que sei que nasci para isso. É minha sina.
Tive sim minhas experiências no sertão, e até hoje tenho, mas nunca quando criança que, como diz Arievaldo Vianna na apresentação de seu livro “O Baú da Gaiatice”: É no berço que formulamos as nossas descobertas mais geniais.
Apesar de não ter tido esse contato que outros poetas tiveram com o sertão, (e isso os tornam autênticos naquilo que fazem), tive a sorte de nascer em meio a muita informação de fácil acesso. Isso salvou o que eu sou. Tive também o grande privilégio de ter dois poetas em minha familia: Meu avô Joacir (avô que criou meu pai e meus tios, casado com minha avó depois que ela deixou o marido no interior e veio tentar a vida em Fortaleza) e meu avô Souza Brito (ao qual dedicarei um capítulo inteiro nesse livro).
Como podem perceber, leitores, nasci com muitos privilégios: menino de cidade grande, bairro pobre e mente inquieta, nunca senti na pele nenhuma das dificuldades que os meus amigos poetas sentiram e contam hoje como medalhas. Porém, tive sim minhas dificuldades, algumas, pensei que não suportaria, mas resolvi ter calma, pois ainda sou bem jovem e tenho muitas coisas para descobrir nesse mundo.
Minha grande descoberta na vida foi a palavra. Contar e escutar histórias foi minha grande descoberta. Escutar principalmente. Eu sempre fui muito apaixonado pelas festas populares: Maracatu, Bumba-Meu-Boi, Reisado, Cavalo-Marinho, Congadas, Quadrilhas, enfim, tive o privilégio de crescer rodeado de algumas dessas festas e aprendi a ver a beleza real de todo esse colorido cultural.
O “ouvir” é realmente a melhor forma de se aprender, depois do “observar”. Pelo menos comigo foi dessa forma. Sempre me senti um senhorzinho sentado em uma cadeira de balanço num alpendre de fazenda. Alguns amigos dizem, principalmente Ronaldo Lopes (pois foi o primeiro a me dizer isso), que sou um jovem que nasceu com a alma velha. Gosto de coisas que não são do “meu tempo” e aprecio as coisas com outros olhos, como se já as conhecesse, em particular, as coisas do sertão.
A palavra me cercou desde cedo e eu só entendi vários anos depois a mensagem que ela havia mandado durante a minha vida. Lembro-me de um senhor que morava na outra rua de minha casa que vendia plantas em um carrinho de ferro, todas as manhãs passava pela rua cantando motes, estilos de cantorias e canções. Eu gostava muito de ouvir ele cantando, as vezes cantava “Voa Sabiá”, outras vezes alguns trechos do que eu iria conhecer depois como “A peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho do Tucum”.
Esse nome “Cego Aderaldo”, sempre esteve presente em minha infância, (lembrança tão distante que nem sei onde e nem quando ouvi pela primeira vez), talvez já tivesse vindo em meu subconsciente, encravado como uma ferramente para a missão que tinha que cumprir.
Ouvir seu Lourival cantando aquelas coisas, me davam um ar de alegria e euforia, parecia que eu conhecia tudo o que ele estava dizendo. Foi um dos meus primeiros contatos com a cultura popular.
Morador de bairro pobre, tive minhas vantagens: primeiro, nasci na rua de uma feira (que é o típico lugar onde os cordelistas vendiam seus folhetos e declamavam para o povo a desejo de apurar algum vintém). Segundo, moro perto de uma Ong que oferece aulas de arte dos mais diversos seguimentos. Esse foi o meu escape desde cedo. 
O projeto Criança Feliz é o que chamo de “Casinha dos Sonhos”, foi onde sai do “andajar” e comecei a dar meus primeiros passos por mim mesmo. É notável a imensa influência do projeto na minha formação artística cultural. Lá aprendi artes plásticas, violino, violão, canto, flauta, poesia, e me vali de uma biblioteca com um grandioso e valioso acervo. Li de tudo um pouco.
Muitos foram os responsáveis pelas minhas viagens imaginárias no mundo dos livros e da literatura, e sou grato a cada um. Todos sempre se disponibilizaram a ajudar-me em tudo o que precisei, parece que previam o caminho que eu iria seguir. Não citarei nomes por medo de esquecer de alguém e acabar trazendo um sentimento de ingratidão com os que não citei, mas tenho por certo que cada um sabe o quão importante foi e é para a minha caminhada.
Dados os primeiros passos e agradecimentos, explico o porque desse livro em dois pontos, primeiro: Porque sempre quis escrever algo sobre o que fui e o que sou, e sendo jovem, negro e de comunidade humilde, creio que isso tenha grande importância influenciativa para outros jovens como eu. Segundo: Porque tenho muito dentro de mim que precisa ser externado para que viva também nos corações de outros. Isso para mim é sempre um prazer. Essas coisas das que falo que guardo dentro de mim, são coisas simples mas de grande valor sentimental e força poética. São coisas da vida de um menino de alma velha. 
Vale também explicar o porque sou conhecido como “O Bordador de Histórias”, e explicarei: Bordar é uma arte muito bonita, onde, com linhas coloridas e agulha, se faz de um pano branco (ou de outra cor), uma linda toalha com desenhos feitos com paciência e amor. É isso o que faço, escuto as histórias, guardo-as comigo, e bordo-as em minha cabeça. Enfeito-as com linhas coloridas, e agulha e dou cara nova a cada uma delas, contando depois de bordadas e repassando o conhecimento que me fora transmitido.
Dado as apresentações formalmente, vamos então as coisas que consegui juntar de minha mente, algumas ouvi, algumas criei a partir do que ouvi, o certo é que, a tradição oral é o boi que empurra essa manjarra. Boa leitura à todos!

Atenciosamente,
Rafael Brito, O Bordador de Histórias.


Obs.: Também será lançado um CD com o título "Percursos Poéticos" com a mesma gravura de capa do livro, brevemente.

sábado, 3 de março de 2018

A PIMENTINHA DO FORRÓ

UMA INCRÍVEL VISITA


      No último dia 03 (Março de 2018), tirei um tempo para cumprir uma promessa: visitar minha amiga Cecília do Acordeon. 10 anos apenas e uma alma de gente grande. Artista Nata!

    Conheci Cecília na II Feira do Cordel Brasileiro, onde ela fez sua primeira participação no evento. Eu, já veterano, recebi com muito prazer a presença dessa pequena grandiosa artista, e fui muito feliz nesse encontro.

     Desde então, fiquei devendo essa visita, sempre marcava mas os imprevistos não me deixavam cumprir a promessa. Mas dessa vez, de supetão, fui. Percorri 68 km e aproveitei cada momento da viagem. A paisagem, agora verde, mostrava que as chuvas haviam visitado constantemente aquelas bandas durante os últimos dias, e o ônibus, beirando a serra, percorria alegremente como quem caminha com uma canção doce na boca.

    Desci em Antônio Diogo, Distrito de Redenção e fui de moto táxi até a casa de Cecília, casa simples e acolhedora, tipicamente nordestina. Neidinha, mãe de Cecília, me recebeu com um sorriso e com uma alegria que me deu gosto. Me senti em casa. Cecília logo veio ao meu encontro e me abraçou, e em seus olhos se via a alegria e a emoção de me receber em sua casa e finalmente cumprir minha promessa.

     Cecília não se fez de rogada, pegou logo a sanfona que ganhara outro dia em um programa de TV e logo começamos a tirar um som. Tirei o pandeiro da bolsa e o violão da capa, transmitimos ao vivo via internet e nos divertimos muito. 

    A pequena me contou então como conheceu o instrumento que tão bem manuseia, e descobri algo em comum: relatou que seu primeiro contato com a sanfona foi no reisado, que seu avô participa, eis o que descobri em comum, meus tios também fazem reisado e foi uma das primeiras manifestações culturais de raiz que vi na vida. De certa forma, eu e Cecília, viemos das mesmas coisas encantadoras: a cultura popular!

    Foi boa a manhã, e foi boa a conversa e a convivência, mesmo sendo pouco tempo. Soubemos aproveitar cada minuto. Almoçamos juntos e logo ela foi se arrumar pra ir a escola. Me deu de presente seu CD novo, um copo e uma régua com sua logomarca, e eu fiquei muito feliz com o carinho e a atenção. 

     Senti ter que ir embora tão cedo mas deixei a promessa de voltar! 

    Neidinha foi me deixar em Antônio Diogo de moto para voltar à Fortaleza, no caminho, encontramos Cecília descendo do ônibus escolar, dei um último abraço na pequena e seguimos. Conversando, Neidinha me disse que sentia falta de um projeto cultural pela região e pelo que percebi, a região é escassa de arte e cultura. O projeto mais perto que desenvolve algo em relação a arte é em Pindoretama. Dentro de mim nasceu então um desejo de ajudar de alguma forma, mas isso ficará pros próximos capítulos...



Continua...

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